Além dessa atitude, o Palmeiras anunciou que doará a renda total do jogo contra o Athletico-PR às vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul. Os jogadores também vestirão uma camisa com um QR Code para incentivar doações durante a partida.
Pessoalmente, considero a atitude desses três grandes clubes irável, ao colocarem de lado disputas de ego. O futebol, por vezes, proporciona isso.
Infelizmente, a vida humana é marcada por tragédias. Não se pode simplesmente parar um campeonato inteiro, que sustenta milhares de pessoas, devido ao prejuízo esportivo de três equipes. Mas não quero dar a impressão de indiferente. O que importa não é o futebol, mas o potencial para ajudar as vidas que já foram impactadas; e, para apoiar esses jogadores e todas as pessoas envolvidas, é crucial continuar as atividades, gerando ainda mais receita moral e econômica. Insisto, não se trata de ignorar as dificuldades dessas equipes, mas sim de apoiá-las usando a visibilidade que apenas o futebol proporciona.
O campeonato deve continuar justamente para mobilizar e sensibilizar torcedores a respeito do que o futebol proporciona. Isso exige uma virtude chamada solidariedade, que não pode ser imposta
Parar o campeonato não auxiliaria as vítimas da tragédia, pois, além de afetar a receita dos clubes, impactaria um ecossistema econômico inteiro que o Brasileirão sustenta. A interrupção geraria consequências econômicas incalculáveis. Sem jogos, sem receita. Entendo que esse argumento pareça meramente econômico, mas vai além. Há um capital moral que deve sustentar a decisão de continuar os jogos.
Sem receitas, não haveria mobilização possível. A paralisação também prejudicaria não só jogadores, a Rede Globo e patrocinadores, mas também pequenos comerciantes informais como os vendedores de churrasquinho e pipoca. Bares e restaurantes próximos aos estádios, entre tantos outros serviços, também sofreriam.
Para não desestabilizar todo esse ecossistema, o campeonato deve continuar. E deve continuar justamente para mobilizar e sensibilizar torcedores a respeito do que o futebol proporciona. Isso exige uma virtude chamada solidariedade, que não pode ser imposta. O que Palmeiras, São Paulo e Flamengo fizeram foi um apelo genuíno ao exercício dessa solidariedade. Hoje, eles mostraram que o esporte ainda é uma força capaz de despertar o que há de melhor em nós.