Mesmo que tenha acontecido, a colaboração entre pesquisadores e governos é muito comum. O próprio Zanotto já atuou em conjunto com diferentes instituições públicas de saúde, especialmente no auge da crise provocada pelo vírus chikungunya.
“O trabalho em conjunto entre servidores das secretarias locais e pesquisadores especializados possibilitou que a relação desse vírus com os casos de microcefalia fosse comprovado, o que aconteceu primeiro no Brasil”, lembra ele, que também atou, por exemplo, em um trabalho de identificação dos bairros de origem de casos de dengue em Guarujá, no litoral de São Paulo.
Assim, com o e de consultores externos, eram identificadas as áreas da cidade onde mais pessoas estavam doentes e poderiam atuar como vetores capazes de contaminar os mosquitos transmissores, que por sua vez levariam o vírus para novos locais.
Interrogada pela I, outra especialista acusada de fazer parte do suposto gabinete paralelo, a médica Nise Yamaguchi, lembrou que já colaborou como consultora para outros governos, de outros partidos. Foi, inclusive, prestadora de serviço para o Ministério da Saúde durante o governo de Luís Inácio Lula da Silva (PT).
“O combate ao H1N1, em 2009, contou com a consultoria de pesquisadores de renome na área”, lembra Zanotto. “É uma prática comum”. É utilizada, inclusive, por governos estaduais, quando precisam de opiniões bem fundamentadas de especialistas para temas relevantes, como a privatização de empresas públicas.
Aliás, a presença de autoridades nos mais diferentes temas é comum nas diversas comissões da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. A comissão que estuda a PEC da Segunda Instância, por exemplo, ouviu em maio dois juristas renomados, o advogado e professor aposentado do Departamento de Direito Comercial da Faculdade de Direito da USP, Modesto Carvalhosa, e o advogado e professor emérito da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Ives Gandra Martins.
VEJA TAMBÉM: