Barros é um dos deputados suspensos do PSL. De seu gabinete, ele explicou à Gazeta do Povo os bastidores que levaram à saída do partido bloco de Baleia Rossi. 6a3r8
As conversas com Lira começaram em dezembro, às vésperas do Natal. O candidato do PP procurou o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para iniciar as articulações. Ao filho do presidente Jair Bolsonaro – que já o apoiava –, Lira pediu ajuda para "mapear" todos os 53 deputados do PSL e saber com quais parlamentares ele poderia contar.
De Eduardo, Lira ouviu que Filipe Barros poderia entregar a ele o "mapeamento". “O Arthur me ligou e chamou ao gabinete da liderança do PP. Lá, a secretária dele imprimiu um ‘carômetro’, com todos os deputados do PSL. E fomos traçando uma biografia de um por um para ele próprio saber como abordá-los”, explica o deputado paranaense. “O Arthur conhecia os nomes, mas não conhecia a fundo quais pautas cada um defende. E isso faz toda a diferença.”
Com o “carômetro”, o candidato do Planalto à presidência da Câmara ou a conhecer, por exemplo, se um deputado do PSL era mais “municipalista” (ou seja, se faz um trabalho de base junto com prefeitos e vereadores) ou um parlamentar mais de “palanque” (que prefere usar a tribuna e ter assento em comissões).
Àquela época, em dezembro, Lira ouviu de Barros que ele teria 25 votos do PSL – dos quais os 17 parlamentares suspensos. Era um número insuficiente para rachar o bloco de Baleia Rossi.
O auxílio de Filipe Barros deu a Lira as informações necessárias para procurar os deputados, incluindo os que estavam com Baleia Rossi. O líder do Centrão procurou pessoalmente quem estava em Brasília. E fez reuniões em seu gabinete. Os que estavam em suas bases eleitorais, Lira falou por telefone.
Da deputada Bia Kicis (PSL-DF), por exemplo, ouviu o desejo de destravar a tramitação da PEC que prevê a volta do voto impresso para auditar a votação eletrônica nas eleições. Da deputada Aline Sleutjes (PSL-PR), ouviu que ela é uma “municipalista” ligada ao agronegócio e, portanto, pode ganhar a relatoria de um projeto de lei do setor – o que, para Aline Sleutjes, poderia ser mais importante do que ganhar algum cargo numa comissão.
As conversas entre Arthur Lira e Filipe Barros ao fim de dezembro foram tratadas com sigilo. O risco de vazar algo para a imprensa e dar tempo à Executiva Nacional do PSL tomar as medidas para impedir o desembarque era o maior temor. Para evitar surpresas, Barros sugeriu deixar para fazer as articulações na segunda quinzena de janeiro. Lira, contudo, assumiu os riscos e antecipou o movimento.
Ainda nos primeiros dias de janeiro, Lira comunicou Filipe Barros que havia pedido para o deputado Vitor Hugo (PSL-GO), ex-líder do governo na Câmara, fazer uma lista virtual, não física, e protocolá-la no sistema da Câmara para coletar as s para o desembarque do partido do bloco de Baleia Rossi. “Ele disse que precisaria da adesão do PSL ‘agora’, e não na segunda quinzena [de janeiro]”, explica Barros.
De férias, Barros participou das articulações. Ligou para os deputados do PSL mais próximos a ele avisando que Vitor Hugo, que estava em Brasília, entraria em contato para montar a lista o quanto antes. “Deu 10 minutos e o Vitor [Hugo] me ligou: ‘Filipe, acabei de fazer o requerimento’. Respondi: ‘irmão, não estou em Brasília, fala o que precisa que eu ajudo”, conta o deputado paranaense.
Uma das principais urgências de Vitor Hugo era obter a virtual de Eduardo Bolsonaro, que estava de férias nos Estados Unidos. As dificuldades em contatá-lo levaram Barros a entrar procurar a assessoria de Eduardo, que, por sua vez, conseguiu a rubrica virtual. Dali, Vitor Hugo deu seguimento às articulações. E, em 7 de janeiro, eles tinham 32 s.