Um dado positivo é que os internamentos de alta complexidade estão mais distribuídos pelo Paraná: em janeiro de 2010, por exemplo, a Regional de Saúde Metropolitana, que agrega Curitiba e cidades vizinhas, respondeu por 54% desse serviço. Agora, em janeiro de 2020, a participação caiu para 44%. Das 22 regionais do Paraná, 9 conseguiram ampliar esse tipo de atendimento. As que mais cresceram nesse quesito foram Umuarama, Maringá e Cascavel. 5uj5k

O volume que é atendido nas demais regionais, porém, continua distante do registrado pela metropolitana (veja infográfico com a participação de cada uma). Além disso, o serviço de média complexidade ficou ainda mais concentrado, com queda em quase todo o interior do Paraná.

Ainda que o atendimento hospitalar seja concentrado, ele não é desorganizado; isto é, segue fluxos definidos pela Secretaria de Saúde com as regionais. Os internamentos só são feitos após encaminhamento das unidades de saúde das cidades de origem, e os pacientes do interior ganham transporte e estadia em casas de apoio contratadas via licitação pelas prefeituras.

O Plano Diretor de Regionalização (PDR) do Paraná, por exemplo, define os serviços de referência para a alta complexidade. De 27 especialidades listadas, 3 só são ofertadas na regional Metropolitana: transplante de fígado, transplante de rim e pâncreas; e neurologia focada na investigação e cirurgia de epilepsia. Há outras especialidades em que essa regional é responsável oficial por atender a pacientes do interior, ainda que o serviço seja ofertado em outras cidades. Nesse caso estão os transplantes de medula óssea; de pele; de tecido músculo-esquelético; de válvula cardíaca; e, na área pediátrica, a nefrologia, oncologia e eletrofisiologia.

Impacto da pandemia 616s49

A pandemia de Covid-19 levou os sistemas de saúde a suspenderem consultas e tratamentos eletivos, mas os casos graves continuam sendo encaminhados para os respectivos centros de alta complexidade. Em Curitiba, alguns estabelecimentos que recebem pacientes do interior viram o movimento cair até 90%. Na Ideal Casa de Apoio, por exemplo, o fluxo em dias normais é de 400 pessoas; agora, são 50. Na Casa de Apoio Vale do Ivaí, o usual era receber 200 pessoas; agora, são 20.

Segundo a enfermeira responsável pela Casa de Apoio Vale do Ivaí, Aline Azzolini Mocellin, a maioria dos pacientes atuais são de transplantes. Ela relata que, em alguns casos, municípios do interior têm equipamentos adequados para os pacientes, mas faltam profissionais capacitados. “Ainda existe uma resistência dos bons profissionais atuarem no interior do estado. Por mais que lá tenha equipamentos, em Curitiba há mais opções e melhores, e por isso os profissionais preferem atuar aqui. Por isso a cidade acaba sendo referência não só para o estado, como para outros estados também”, observa.

Herança futura i2c29

Em relação aos novos hospitais regionais de Guarapuava, Telêmaco Borba e Ivaiporã - que devem ser entregues em um mês e meio - o governo estadual anunciou que está sendo feita uma força-tarefa para conclusão de alas específicas para pacientes com Covid-19, mas no médio e longo prazo as estruturas serão usadas para várias especialidades e fazem parte do plano de descentralização da saúde no Paraná, conforme anunciado pelo governador Ratinho Jr. em visita às obras hospitalares ao longo desta semana.