E isso nos traz de volta à questão inicial: é possível manter o socorro aos brasileiros mais pobres sem criar ainda mais dívida? É possível remediar o presente sem colocar em risco o futuro e a confiança do investidor no Brasil? Infelizmente, perdemos tempo precioso nesta discussão. No ano ado, a equipe econômica havia sugerido a Bolsonaro um projeto de transferência de renda reforçado, bancado pela extinção de benefícios considerados ineficazes, pagando mais que o Bolsa Família e incluindo mais pessoas – tudo isso respeitando o teto de gastos, apesar da margem mínima que um orçamento altamente engessado deixa ao governo. O presidente recusou a ideia e a trocou por uma gambiarra fiscal usando precatórios e dinheiro do Fundeb. A confusão criada foi tanta que hoje pouco ou nada se fala daquela que seria a “marca social” de Bolsonaro. E assim o Brasil pula de paliativo em paliativo, sem jamais atingir o objetivo de conciliar uma política fiscal responsável e uma boa rede de proteção aos brasileiros mais miseráveis.

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