Nem todas as recomendações, no entanto, tratam especificamente da retomada econômica. Um tema muito caro à OCDE é o combate à corrupção, e a entidade incluiu em seu relatório a defesa da possibilidade de início de execução da pena a partir da condenação em segunda instância, prática que vigorou no Brasil pela maior parte do período pós-redemocratização, mas que no momento está vetada por decisão do Supremo Tribunal Federal, tomada em 2019. Na ocasião, o braço anticorrupção da OCDE manifestou sua preocupação com a decisão, que poderia até mesmo atrapalhar o processo brasileiro de adesão ao grupo. Mesmo assim, até hoje nenhum dos projetos apresentados ao Congresso para permitir a prisão após condenação em segunda instância prosperou.

Hoje, é a pandemia que arrasta a economia brasileira para baixo. Mas, quando ela terminar, o Brasil não terá como decolar se permanecer amarrado por um Estado inchado, ineficiente e gastador, se a iniciativa privada seguir amarrada pela burocracia e por um sistema tributário enlouquecedor, se os corruptos continuarem confiantes na impunidade. Seguir as recomendações da OCDE colocaria o Brasil em uma boa posição para aproveitar as oportunidades que virão quando a Covid-19 for vencida, e tanto no governo quanto no Congresso há quem tenha consciência de que esse é o melhor receituário, e precisa ser colocado em prática o quanto antes. Mas, enquanto esse grupo for minoria, o Brasil continuará a ser o “país do futuro” que nunca chega.

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