Os bons preços de commodities no mercado internacional, ressaltados pelo Copom como fonte de pressão inflacionária por favorecerem a exportação, com efeitos na oferta doméstica, também continuam se refletindo nos preços dos alimentos, que subiram 0,40%. No acumulado de 12 meses, as carnes, por exemplo, ficaram 35% mais caras, em parte graças à dependência do milho e da soja, componentes da ração animal, segundo Pedro Kislanov, gerente da pesquisa do IPCA no IBGE. 1m5826
O Copom continua avaliando o atual choque inflacionário como temporário, mas com o ar dos meses o dragão segue demonstrando força e pouca disposição a arrefecer, com risco de o “temporário” se encaminhar para “permanente”. A energia elétrica tende a ficar mais cara a partir de maio, com o acionamento da bandeira vermelha. E, se a vacinação contra a Covid-19 ganhar impulso, a bem-vinda normalização da atividade econômica pode também ter efeito sobre os preços, dependendo do aumento da demanda, e apesar de ainda haver considerável capacidade ociosa, na avaliação dos membros do comitê. Além disso, se a procura internacional por commodities continuar elevada ao longo do ano, talvez o Banco Central, sozinho, não seja capaz de debelar a inflação apenas por meio da política monetária.