Quem sabe não está nascendo no Rio Grande do Sul, como uma flor no pântano da catástrofe, um Brasil com mais cara de Brasil, onde as divergências não separavam famílias e amigos e nem catalogavam partidos como anjos ou diabos? Esse Brasil não concordava, e nem devia, concordar em tudo, mas não desejava a aniquilação daquelas partes que não pensavam como as outras. É essa chance que temos agora diante de nós, por obra de voluntários, doadores, servidores e poderes que não distinguem crenças políticas ao estender a mão. 1h6f40

No telefonema ao governador gaúcho, seu colega do Amapá aproveitou para agradecer o apoio do Rio Grande do Sul a 24 amapaenses tratados no estado por problemas renais crônicos. Esse é o Brasil que estava oculto e que pode emergir das águas de maio. Basta que, ali na frente, quando os rios baixarem e o noticiário voltar ao normal, as promessas e os discursos oficiais não sejam arquivados e que, principalmente, não percamos de vista que, um dia, o Brasil se uniu para salvar o Rio Grande do Sul. Nós nunca esqueceremos.

Marcelo Rech, jornalista, é presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ).