Assim, foi criada a Teoria da Preparação para o Estresse Oxidativo, batizada de POS. “Hoje, conseguimos formular uma teoria biológica que é estudada por pesquisadores dos cinco continentes. E temos planos de continuar nossa aventura nas fronteiras do conhecimento, nos aprofundando em novos aspectos de nossa teoria da adaptação animal”, explica o professor, orgulhoso.

Desde que a teoria foi aceita e publicada nas principais revistas científicas, mais de 26 países instalaram grupos de estudo para evoluir no assunto. Até agora, os pesquisadores espalhados pelo mundo encontraram a POS em ao menos 100 animais de diversas espécies e oito filos, incluindo vertebrados e invertebrados, como insetos, crustáceos, moluscos e corais.

“Antes, a pesquisa era voltada apenas para animais marinhos e hoje costumo brincar que fizemos a 'teoria de tudo', pois submetemos diversos animais a diferentes estresses como hipóxia (pouco oxigênio), congelamento, exposição aérea (de animais aquáticos), desidratação severa e dormência e eles se encaixaram na teoria”, completa Marcelo Hermes-Lima.

Colaboradores

Doutor pelo Departamento de Biologia Celular da UnB e atualmente biólogo na instituição de ensino, Daniel Moreira, 30 anos, participou do grupo de pesquisa do professor Marcelo Hermes-Lima desde o início de sua vida acadêmica. Agora, coautor da teoria da POS, ele conta que se interessou pelo assunto ainda na graduação e jamais imaginou que os estudos pudessem chegar tão longe.

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Feliz pelo trabalho desenvolvido em terras brasileiras e pelos frutos agora colhidos com a pesquisa, Moreira resume os anos de estudo e dedicação na seguinte frase: “É uma teoria que consegue explicar tudo o que foi publicado sobre o assunto até hoje e que ainda não tinha um porquê”, garante.

Já Juan Manuel Carvajalino Fernandes, 34 anos, veio da Colômbia para realizar seu pós-doutorado sobre o tema com o professor Marcelo Hermes-Lima. O estudante explica que o mais interessante desses anos de pesquisa é perceber como a partir dos estudos desenvolvidos por eles, outros estão sendo criados. “Somos uma referência mundial, isso significa que o Brasil contribuiu amplamente para uma área da ciência”, completa.

Entenda

Ainda nos anos 1990, Hermes-Lima desconfiou que alguns animais tolerantes ao congelamento e a falta de oxigênio aumentavam suas defesas antioxidantes nesses períodos críticos. A partir daí, surgiu a hipótese de que o aumento dessas proteínas aconteciam para proteger órgãos e tecidos dos animais contra os efeitos tóxicos de radicais livres que se formam no momento do retorno do oxigênio ao organismo.

Em 1998, o professor da UnB batizou esse processo de “preparo para o estresse oxidativo” (POS, na sigla em inglês). No entanto, só em 2015 os pesquisadores conseguiram transformar a hipótese em teoria e o estudo ou a ser aceito no mundo todo e a influenciar novos estudiosos.

O próximo o dos pesquisadores brasileiros agora é focar em como se dá a POS na natureza, já que os estudos até aqui foram realizados em laboratório. Por isso, Daniel Moreira analisará o comportamento bioquímico de um sapo da caatinga capaz de sobreviver meses sem comer nem beber em períodos de seca. O colombiano Juan Fernandes também está viajando pelo mundo analisando novos animais e coletando dados.

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Enquanto isso, eles já projetam como a teoria pode ser usada no dia a dia das pessoas. “Eu descobri como é o ciclo de vida do lagarto do girassol, que consegue destruir plantações inteiras da flor. Agora, a indústria com esses dados pode desenvolver uma maneira de inibir o antioxidante do animal e facilitar seu combate”, explica o doutor Daniel Moreira. Ainda de acordo com o professor Hermes-Lima, entender o ciclo do oxigênio nos seres vivos pode colaborar, no futuro, em questões relacionadas a transplante de órgãos e até mesmo no envio de astronautas ao espaço. “As oportunidades se abrem para quem está preparado. Antes, é preciso muita persistência, trabalho duro e uma pequena dose de sorte”, completa o pesquisador.

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Peixe Oscar, da Amazônia/ Equipe do Laboratório de Radicais Livres da UnB

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Área de pesquisa/ Equipe do Laboratório de Radicais Livres da UnB

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Coleta de ouriços/ Equipe do Laboratório de Radicais Livres da UnB

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Preparo para o estresse oxidativo/ Equipe do Laboratório de Radicais Livres da UnB

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<br />Preparo para o estresse oxidativo/ Equipe do Laboratório de Radicais Livres da UnB

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Área de pesquisa/ Equipe do Laboratório de Radicais Livres da UnB

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<br />Preparo para o estresse oxidativo/ Equipe do Laboratório de Radicais Livres da UnB

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Área de pesquisa/ Equipe do Laboratório de Radicais Livres da UnB

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<br />Preparo para o estresse oxidativo/ Equipe do Laboratório de Radicais Livres da UnB

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Coleta de mexilhões/ Equipe do Laboratório de Radicais Livres da UnB

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