Segundo o banco Inter, a expectativa mediana do mercado aponta para aceleração do IDP para US$ 59 bilhões em 2022, embora os riscos políticos e fiscais já venham pressionando por revisões para baixo nessa projeção.

As expectativas não são favoráveis, aponta o gestor de investimentos Igor Cavaca, da Warren. Ele aponta que não há sinais claros de que o consumo avance no futuro. A renda média do trabalho caiu 11,1% no comparativo entre os terceiros trimestres de 2020 e 2021, em termos reais, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A média de R$ 2.459 por mês é a menor para o período desde o início da série histórica, em 2012, considerando valores atualizados pela inflação.

E, também, há uma baixa expectativa de crescimento: as últimas projeções do relatório Focus, divulgadas semanalmente pelo Banco Central, sinalizam para um crescimento de apenas 0,51% do PIB no ano que vem. Os números estão caindo há nove semanas.

“Este cenário, aliado à conjuntura política e à descoberta de novas variantes da Covid-19 – como é o caso da ômicron, cujos efeitos ainda são estudados pelos cientistas –, atrapalham o investimento direto no país”, diz o economista da Kilina Asset. Ele lembra que o IDP tem uma natureza diferente da do investimento em carteira. “É algo de longo prazo.”

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IPOs em baixa

Um dos reflexos desse cenário está na queda drástica das ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês). Das 66 operações registradas neste ano, só uma aconteceu neste quarto trimestre. Das 30 operações em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ao menos dez estão paradas a pedido das empresas. Os estrangeiros responderam por 35,9% do total das operações até outubro, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

“O IPO é para quando o mercado está sobrevalorizado. Não é o caso do momento. Com o Ibovespa caindo, as empresas receberiam menos por suas ações”, diz o professor Rodrigo Leite, do Coppead/UFRJ. Apesar da recuperação exibida nos primeiros dias desta semana, o Ibovespa amargou uma retração de 17% entre o pico do ano, em 7 de junho, e a última quarta-feira (8).

Para Denis Morante, da Fortezza Partners, uma butique de investimentos especializada em fusões e aquisições, praticamente fechou-se a janela para aberturas de capita na bolsa.

Uma das estratégias de muitas empresas para ganhar musculatura em meio a um cenário política e economicamente mais instável poderá ser partir para operações de fusão e aquisição, diz ele. O cenário é mais favorável para aquisições de menor porte, que não precisem de captação de recursos no mercado, já que as taxas de juro estão subindo.

Mas Leite não espera tanta participação de capital estrangeiro nessas operações. Nos nove primeiros meses do ano, segundo a KPMG, 35% das transações envolveram empresas de fora. Mais que no mesmo período de 2020 (29%) mas ainda um pouco abaixo dos níveis de 2019 (36,5%). “O PIB está estagnado e o dólar valorizado. E as vendas brasileiras não são escaláveis.”

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