
Algumas histórias das armas expostas se perdem no tempo e no espaço. Umas podem ter vivido situações de crime, outras apenas foram entregues por cidadãos que não queriam mais tê-las. “[O acervo] tem armas nacionais do Brasil pós-guerra, como a INA 45, que ficou muito famosa na polícia. Também outras raridades. Além disso, há documentos antigos de posse e porte de armas que eram emitidos aqui”, explicou Bezerra. As armas são expostas dentro de uma sala e há algumas pregadas nas paredes dos corredores.
Atualmente as armas apreendidas em ocorrências policiais vão para a perícia, a chamada Polícia Científica. Se forem armas de policiais, vão para a perícia e depois retornam para a delegacia de origem.
Os investigadores contam que, antes das discussões sobre o desarmamento, tudo que era relacionado às armas ficava sob a responsabilidade da Polícia Civil. Quando houve a campanha para entrega voluntária, que não se perguntava nada para quem quisesse se desfazer de uma arma, era na Deam que se fazia isso. Discussões, leis, decretos e plebiscitos sobre o Estatuto do Desarmamento em vigor no Brasil ocorreram entre os anos de 2003 e 2005. Em 2019, novas discussões sobre o tema tramitam no Congresso e no Senado.
A Deam manteve na coleção algumas dessas armas entregues pelos cidadãos durante o período de entrega voluntária. Essa decisão foi tomada por causa do valor histórico de algumas delas e até mesmo didático. As demais foram encaminhadas para a destruição, no Exército – instituição responsável por cumprir tal medida. Caso isso não ocorresse, essas armas ficariam registradas como acervo da delegacia, impedindo que se adquirissem armas novas para os policiais em atividade.
Além de abrigar o acervo e ser responsável pelas armas da polícia, a Deam tem poder de fiscalização e emite taxas e tributos que são cobrados nas atividades que possam apresentar algum perigo. am por ali os pedidos de transporte de produtos controlados, circulação de carros blindados, armas e munições da polícia civil. Na área dos explosivos e artefatos pirotécnicos, a Deam atua junto com o Exército na fiscalização – e também Corpo de Bombeiros, para atividades como festas que utilizam esses artefatos. “A delegacia de Curitiba é responsável pelo estado inteiro. No interior, atuamos com o apoio das subdivisões da Polícia Civil”, explica o delegado Adriano Chohfi. Na delegacia também há o espaço para manutenção e limpeza de armas.
O DOPS já ocupou o local onde fica a Deam. O endereço é a Rua Desembargador Ermelino de Leão, 513, no São Francisco. O prédio é cheio de túneis e salas sem janelas. Hoje, as salas servem como depósito de materiais, incluindo documentos, livros de registros e até caixas com simulacros de armas (feitas de plástico).
Para quebrar o peso da história, na antessala de entrada para os antigos corredores do DOPS, o grafiteiro Bolacha Graffiti, de Curitiba, desenhou na parede uma tropa de elite da Polícia Civil em ação. Quando o visitante olha para o grafite em 3D, a metralhadora do primeiro policial do grupo aponta direto para os olhos dele, não importa o lugar em que se esteja na sala. A sensação é de vigilância total, simbolizando a atuação da polícia no dia a dia.
No local também funcionam outras unidades. A Delegacia de Crimes Contra a Economia e Proteção ao Consumidor (Delcon), Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Saúde (Decrisa), Delegacia de Proteção à Pessoa Desaparecida (DPP).
Quem estiver interessado em conhecer o acervo da Deam deve enviar e-mail para [email protected]. A visita será agendada de acordo com a possibilidade da equipe da delegacia em atender ao público.